Livro revela que somente após se assegurarem que estariam pisando em ‘terreno seguro’, ministros dobraram a aposta contra o então presidente
O livro O Tribunal, lançado nesta semana, revela que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dialogaram com a alta cúpula militar, antes de “investirem” contra o então presidente Jair Bolsonaro.
Apenas depois da constatação de que a caserna não iria se aventurar em um suposto golpe de Estado, magistrados do STF teriam ultrapassado o sinal, como, por exemplo, validando, por 10 x 1, o “inquérito do fim do mundo”, nas palavras do agora aposentado Marco Aurélio Mello.
O livro também traz a tona, o episódio em que, ao assumir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin, em 2021, teria enviado “emissários” para sondarem comandantes das regiões e trouxeram a notícia que nenhum deles partilhava da visão de Bolsonaro, sobre as urnas eletrônicas.
Ao perceber que pisava em “terreno seguro”, em maio do ano seguinte, Fachin passou a ignorar pedidos e perguntas do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, sobre as máquinas.
STF X Bolsonaro: Outros detalhes do livro
Com Moraes já no comando do TSE, Nogueira ouviu respostas “grosseiras”. “O Paulo Sérgio, pode não ser que caia um meteoro e destrua a terra”, respondeu Moraes ao militar, sobre a possibilidade de os equipamentos terem programas espiões. “Tenha santa paciência.”
Moraes, também, supostamente considerava Bolsonaro “burro”. O ministro Luiz Fux, no entanto, só achava o então presidente uma pessoa que ouvia “gente errada”.
O Tribunal é de autoria dos jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber.
Foto: Reprodução – Fonte: RO