A divulgação do número real de casos está diretamente ligada ao direito da população ser informada sobre a situação epidemiológica no município.
Mercedes, no Oeste do Paraná, um dos municípios mais bem cuidados da região enfrenta uma epidemia de Chikungunya e, os números divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde liga um sinal de alerta não só no município, como também em outros locais, em especial, naqueles onde estão sendo empregados os trabalhos de combate ao mosquito transmissor por meio de aplicações de fumacê, mesmo diante do número de casos confirmados da doença ou sob investigação ser considerados relativamente baixos.
Mercedes trabalha com números reais, sem ‘maquiar’ ou esconder da população o momento que requer cuidado redobrado no combate a esta terrível doença. Desta forma, o município liga o alerta e desperta a todos para um problema difícil, mas que pode ser superado, principalmente quando o trabalhado é feito de maneira profissional, ética e transparente.
SECRETÁRIA DE SAÚDE DE MERCEDES DESTACA O TRABALHO E A TRANSPARÊNCIA DA INFORMAÇÃO.
Falamos via telefone com Adelete Becker, Secretária de Saúde do município de Mercedes, que nos disse:
“A população tem o direito de saber do que está adoecendo”. “Se não está confirmando dengue, o que é?”. “Nós investigamos e diagnosticamos, levamos informação transparente e clara.”
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RESPONSÁVEL PELA SETOR DE EPIDEMIOLOGIA DE MERCEDES
Katia Loffi Martins, enfermeira responsável pelo setor de epidemiologia do município de Mercedes também falou conosco via telefone e nos enviou informações explicando como é realizado o atendimento daqueles que buscam a Unidade de Saúde, informou alguns dados sobre o atual momento enfrentado, as formas de combate, e destacou a importância da população no enfrentamento da doença. .
“Geralmente, todo o caso suspeito que passa por atendimento aqui na Unidade, já no primeiro atendimento é feito o teste rápido para dengue, e este descartado, vai para investigação de Chikungunya, através do exame de sorologia ou Arboviroses, encaminhado ao LACEN (Laboratório Central de Saúde Pública), e claro, realizada a notificação do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), de todo caso suspeito atendido na Unidade.
Hoje, estamos com com 272 casos suspeitos de Chikungunya atendidos desde o início dos casos. Sendo que, 144 confirmados, 55 descartados e 73 em investigação.
O Boletim Epidemiológico dos casos é repassado semanalmente para a população estar ciente e atenta aos casos, para cuidados e prevenção com uso de repelentes, cuidados com água parada, etc…
Foram realizadas pela equipe de endemias as ações de bloqueio e UBV Costal (aplicação de produtos para controle de pragas e doenças, utilizando aparelho portátil) para diminuir a incidência dos casos. Nesta semana, A SESA (Secretaria de Saúde do Paraná) está com a UBV pesada, realizando o fumacê com veículos do Estado. Realizando também, em parceria com outras secretarias, a intensificação nos arrastões de limpeza, para a eliminação de possíveis criadouros.
Com isso, por fim, temos uma nova demanda em saúde pública, que são as pessoas com dores crônicas da Chikungunya, necessitando de medicações específicas para alívio da dor, ou até especialidades como reumatologista e fisioterapias. Lembrando que as dores podem permanecer por meses, ou até anos, dependendo de cada caso”, explicou Katia Loffi.
“A luta é grande, os desafios são muitos, visto a nova demanda de atendimento na Unidade. Procuramos fazer sempre o melhor pela saúde da nossa população. Mas, lembro que cabe à população ajudar no combate a esta terrível doença”, destacou a profissional.
O último boletim epidemiológico, divulgado nesta quarta-feira, 23, pela Secretaria de Saúde de Mercedes, mostra 144 casos confirmados da doença, 17 casos a mais do que na semana anterior. Além disso, 272 casos são classificados como suspeitos, 73 casos são investigados e 55 casos foram descartados.

Segundo o último censo realizado em 2023, a população de Mercedes contava com cerca de 6.000 habitantes. Portanto, para cada 1.000 habitantes, existem cerca de 24 casos da doença.
Ao compararmos os números divulgados pela Secretaria de Saúde de Mercedes, com, por exemplo, outro município onde o último boletim epidemiológico divulgado na semana passada, mostra que os casos confirmados da doença representa cerca de 1,2894 caso para cada 1.000 habitantes, para alguns moradores é causa estranheza, principalmente devido a fato de que neste local, o fumacê também é empregado com forma de combate ao mosquito transmissor.
NO PARANÁ, NÃO HÁ NÚMERO ESPECÍFICO DE CASOS PARA O USO DO FUMACÊ, MAS SIM, O CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO.
No Paraná, o uso de fumacê para controlar a chikungunya, assim como a dengue e a zika, é geralmente reservado para situações de surto ou epidemia. A decisão de utilizar o fumacê depende de diversos fatores, incluindo o número de casos, a área geográfica afetada e a avaliação da Secretaria de Saúde. Não há um número específico de casos que desencadeie o uso de fumacê, mas a Secretaria de Saúde do Paraná, em conjunto com as prefeituras municipais, monitora o cenário epidemiológico e decide pela utilização do método quando necessário.
FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DE USAR O FUMACÊ:
Número de casos:
Um aumento significativo no número de casos de chikungunya, dengue ou zika pode indicar a necessidade de medidas mais intensivas, como o uso do fumacê.
Área geográfica:
A utilização do fumacê pode ser restrita a determinadas áreas ou bairros com maior incidência de casos, ou mesmo em áreas onde há risco de propagação da doença.
Avaliação da Secretaria de Saúde:
A Secretaria Estadual de Saúde, em conjunto com as secretarias municipais, avalia o cenário epidemiológico e decide pela utilização do fumacê, considerando diversos fatores, como a evolução dos casos, a eficácia de outras medidas de controle e a viabilidade técnica e operacional.

Outras medidas:
A utilização do fumacê geralmente ocorre em conjunto com outras medidas de controle do mosquito Aedes aegypti, como a eliminação de criadouros, a aplicação de inseticidas residuais intradomiciliar, a busca ativa de pacientes e a orientação à população.
É importante ressaltar que o fumacê é um método adicional de controle, utilizado em situações de surto ou epidemia, e não elimina a necessidade de outras medidas de prevenção e controle, como a eliminação de criadouros e a conscientização da população.
Fotos: Reprodução