Em agosto de 1945, uma bomba atômica lançada pelos Estados Unidos devastou Nagasaki (Japão), matando dezenas de milhares de pessoas, incluído membros de sua família.
Faleceu na última sexta-feira, 3, em decorrência de causas naturais relacionadas à idade, em um hospital, no sudoeste do Japão, Shigemi Fukahori, um dos símbolos de sobrevivência de um dos capítulos mais desumanos e covardes da história da humanidade.
Em 9 de agosto de 1945, Shigemi, então com 14 anos, trabalhava em um estaleiro nos arredores de Nagasaki, distante cerca de 3 quilômetros do epicentro da explosão da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade japonesa. O ataque causou a morte de dezenas de milhares de japoneses, entre eles, vários membros da família do então adolescente.
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O ataque a Nagasaki acontece três dias após os americanos bombardearem Hiroshima, resultando na morte de 140 mil pessoas – após esses eventos, o Japão se rendeu em prol do fim da Segunda Guerra Mundial.
Durante décadas, Shigemi Fukahori optou por não falar sobre o triste episódio. Apenas há 15 anos, durante uma visita à Espanha, ao encontrar um sobrevivente do bombardeio de Guernica, ocorrido em 26 de abril de 1937, quando aviões alemães reduziram a cinzas a cidade localizada no norte da Espanha, ele resolveu compartilhar a sua história.
Durante seu depoimento à emissora NHK, Shigemi relembrou os horrores vividos no dia do ataque americano:
“Ouvi uma voz pedindo ajuda. Quando me aproximei e estendi minha mão, a pele da pessoa derreteu. Ainda me lembro como foi isso.”
Ao longo do tempo, Shigemi se tornaria um importante símbolo da luta contra as armas nucleares. Durante a visita do Papa Francisco a Nagasaki, em 2019, foi ele que entregou uma coroa de flores brancas ao pontífice. No ano seguinte, representou as vítimas da bomba em uma cerimônia, onde reafirmou seu compromisso.
“Estou determinado a enviar nossa mensagem para fazer de Nagasaki o último lugar onde uma bomba atômica é lançada.”
Shigemi Fukahori deixa um legado marcado pela incansável defesa da paz mundial – a notícia de sua morte foi divulgada neste domingo, 5, pela Igreja Católica Urakami, onde Fukahori costumava orar diariamente até o ano passado.
Fotos: Reproduções