A colheita atual é fruto do plantio no passado, e a safra futura dependerá da péssima semeadura neste momento.
Em meados do ano 2000, um fato deixou-me estarrecido e ao mesmo tempo, bastante preocupado com os possíveis e tortuosos caminhos, para onde estávamos caminhando.
Junho de 2000, José Francisco do Santos, de 55 anos, morador de Planaltina – cidade localizada a cerca de 40 quilômetros do centro de Brasília – foi preso em flagrante pela Polícia Florestal do DF quando raspava cascas de algumas árvores à beira de um córrego para faze chá para curar um resfriado de sua esposa( ela sofria de doença de chagas). Com base no art. 26 do Código Florestal, o crime é inafiançável.
José, que chegou algemado e chorando na Coordenadoria de Polícia Especializada (CPE). De família pobre e sem condições de pagar advogado- ele fazia trabalhos em chácaras vizinhas da que ele morava e, ganhava em média um salário mínimo por mês, dinheiro insuficiente para pagar o tratamento da esposa.
23 anos depois…
“Raspadores” de cascas de árvores continuam sendo presos, enquanto bandidos engravatados, responsáveis pelo maior roubo da história do Brasil seguem olhando tudo, do alto dos palácios onde moraram.
Mas e o Sr. José? Bem! O Sr. José, apesar de cometer um crime ao raspar aquelas árvores (de acordo com o Código Florestal). Passou cinco dias preso, até que às 19h45 do dia 23 de junho de 2000, o juiz criminal de Planaltina (DF), Ademar Silva de Vasconcelos, concedeu liberdade provisória ao lavrador.
durante uma entrevista, constrangido ele disse “Eu nunca roubei nada, cá minha ignorância, eu não sabia que era crime tirar raspa de árvore, que Deus fez, para dar chá para minha mulher.”
“Que bom seria se o chá da casca destas árvores curasse mau-caratismo, já que elas estão bem perto de Brasília.”
Imagem: Reprodução/Internet