Clima que já havia esquentado após diplomação de Lula, entrou em ebulição após cacique ser preso.
Foi um “inferno”. Isso é o que retrata a noite desta segunda-feira, em Brasília. O clima de revolta, devido a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), havia tomado conta de manifestantes, porém, eles continuavam reunidos, de forma pacifica, próximo ao Palácio do Planalto, onde de uns dias para cá, passaram a ter contato com o presidente, Jair Messias Bolsonaro. O qual, após 40 dias de silêncio, resolveu falar com aqueles, que desde o dia 31 de outubro, aguardam por uma ação mais contundente de seu líder.
Nas aparições de Bolsonaro para falar com seu povo, em breve palavras ele tem dito que estes devem confiar, seguir pacificamente protestando e que confiem na “vitoria”.
Em nenhum momento, ele, Bolsonaro pediu para que esse povo pare de manifestar, saia de onde estão e volte para suas casas. Isto com certeza, alimenta as esperanças de que ainda possa haver uma ação por parte daquele que detém a caneta, e que talvez, ela ainda seja usada para assinar uma ordem, ordem esta que colocaria as Forças Armadas dentro do jogo, para que estas promovessem prisões de pessoas, as quais, segundo o próprio Bolsonaro, estariam jogando fora das quatro linhas da Constituição.
Nada disso, até agora foi feito, e mesmo com uma grande movimentação militar em diversos quarteis, cidades e fronteiras, nas quais puderam ser vistos caminhões, blindados, e outros tipos de veículos usados em combate, além de muitos militares, nada nesse sentido parece ter havido e talvez não venha a acontecer.
Esta movimentação por parte destes militares, fez aumentar ainda mais, a esperança daqueles que confiaram em seu presidente, o qual, em discursos fortes, sempre deixou claro que; ” a nossa bandeira jamais será vermelha”, ou que; “o Brasil, jamais será comunista” e tantos outros, que a cada vez que era proclamado em alto e bom som, acendia ainda mais, o espirito patriota desse povo. Mas nada até agora, aconteceu.
Lá atrás, no 7 de setembro de 2021, Bolsonaro já pedia ao povo que desse o que ele chamava de “sinal”, o que seria uma presença massissa deles nas ruas, para que com isso, segundo ele deixava transparecer, pudesse agir, contra aqueles que já rasgavam a Constituição.
Assim também, foi no dia 7 de setembro de 2022. Novamente, povo nas ruas, praças e avenidas. Brasília, São Paulo e outras capitais foram tomadas por patriotas de verde e amarelo, e no final, o que se viu, foram apenas fotos do presidente em meio a uma multidão, postadas em suas redes sociais.
Agora, infelizmente parece que a paciência de muitos está chegando ao final. Mais de um mês se passou, Lula já foi diplomado, e poucos dias o separam de sua posse. Isso nos dá a impressão que muitos atos hostis e violentos possam vir a acorrer, o que convenhamos, não será bom para ninguém. Afinal, uma pequena mostra foi dada na noite de ontem, a qual, mesmo não tendo número elevado de manifestantes, ainda assim, houve um grande risco de alguém acabar morto, o que seria ainda pior, principalmente para quem perdesse sua vida, e sua família que ficaria destroçada, diante da perda de um ente querido.
Talvez, esse tipo de situação, até seja interessante para que está distante de locais de possíveis conflitos, ou mesmo de onde estes tenha acontecido. Mas vale lembrar que, todos que lá estão, com certeza é esperado de volta ao convívio familiar, o que poderá não acontecer, caso novos e violentos enfrentamentos aconteçam, principalmente, se o número de manifestantes aumentar, e as forças de segurança tiverem que agir de forma a usar o rigor da lei.
Os discursos de Bolsonaro, nos quais ele sempre dizia que iria continuar jogando dentro das quatro linhas eram corretos, porém, talvez ele tenha perdido o jogo, em jogada de impedimento e com gol de mão do adversário. O pior de tudo é saber que ele poderia ter evitado esta derrota, caso tivesse cometido uma falta violenta, no início da jogada.
Bolsonaro precisa falar, mais que isso, ele precisa tomar uma atitude, uma decisão, seja esta qual for. O que não pode mais, é ele permitir que esse povo que o apoiou, passe a ter suas vidas em risco, mais do que já está.