“Só nós vivemos a realidade da Venezuela. É muito difícil não conseguir dar um prato de comida para os filhos.”
Esse emocionante depoimento é do operador de máquinas da Indav, Jorge Luiz Mendonza Lopes, que é integrante do sexto grupo da Operação Acolhida na C. Vale. O tecnólogo em Produção Industrial chegou a Palotina em 5 de maio de 2023, com outros 26 compatriotas.
Mas antes dessa mudança, a vida de sua família virou um caos com a instabilidade política e econômica em seu país desde 2013.
Em Valência, a 1.500 quilômetros de distância da fronteira com o Brasil, Jorge, a esposa e os filhos tinham uma vida tranquila, com sua casa própria, carro e segurança de emprego.
“A crise foi nos consumindo. Teve período em que tínhamos dinheiro, mas não tinha produto para comprar. Depois, a situação inverteu. Faltava dinheiro para tudo. Por meses, meus meninos comiam só uma refeição por dia. Era arroz, batata ou mandioca. Uma coisa só. Perdi 20 quilos. Eles, você pode imaginar.”
Durante 45 dias, a jornada por uma vida melhor no Brasil se resumia a filas para documentação, alojamento e entrevista para emprego. “Quando falo em filas, são mais de mil pessoas buscando a mesma coisa”, relata. Jorge conta que o percurso de sua casa até Boa Vista (RR), foi feito de ônibus.
Um dos momentos mais dolorosos para Jorge foram as primeiras refeições no Brasil. A diversidade e a fartura de alimento no prato eram até indigestas. “Eu tinha três refeições no dia e, os meus filhos, só uma reduzida. Esse sentimento trancava a minha garganta. Já chorei muito”, recorda.
Sua experiência em indústria de alimentos na Venezuela abriu as portas na fábrica de termoprocessados da C. Vale. Começou no chão de fábrica, passou várias áreas e hoje é operador da linha 4. Os próximos desafios são trazer sua família para o Brasil e validar seu diploma ou fazer uma nova faculdade para conquistar outras funções dentro da cooperativa.
Foto: Redes sociais/C. Vale – Créditos: C. Vale Cooperativa