Uma história digna de filmes de Hollywood, mas que aconteceu no Tocantins, e os personagens reais são Mamédio, de 105 anos e Ana, de 100 anos.
Você já se imaginou ficando ‘velhinho (a)”, ao lado daquela pessoa que você ama e escolheu, para dividir com ela todos os anos de sua vida, desde o momento em que a viu?
Com o Sr. Mamédio Alves Magalhães e Da. Ana Araújo Magalhães, de Paranã, no sul do estado do Tocantins foi assim.
Uma história de amor que, além de impressionante, ainda trás muita emoção a todos aqueles que tem a sensibilidade de perceber o quanto a vida nos apresenta histórias reais, parecidas com roteiras de filmes Broadway.
Desde o dia em que se casaram dona Ana e seu Mamédio sempre juntos e unidos, contou Ediana Quirino Magalhães, sobrinha-neta, de 38 anos, que cuidava do casal.
“Há cinco dias ele ainda estava bem e ela tinha tido uma pneumonia forte, e não tinha muito o que fazer. A partir daquele momento ele não quis mais se alimentar direito. A gente dava os remédios ele segurava na boca. Isso porque ela estava internada e ele viu ela indo”, relembrou a sobrinha-neta.
Ediana disse ainda que, após ver a amada sendo internada e retornar para casa debilitada, ele começou a definhar por não mais querer se alimentar – dona Ana saiu da internação para que o marido melhorasse, no entanto, na quinta-feira (29), quem precisou ir para o hospital foi seu Mamédio.
Em suas últimas horas de vida, o casal centenário precisou ser separado, Ana morreu em casa, enquanto Mamédio, faleceu no hospital, no mesmo dia. Cerca de quatro horas de diferença marcaram o final desta história de união, companheirismo e amor.
“Como minha avó não tinha o que fazer, trouxemos ela para ficar perto dele. Ele viu o estado dela, só piscava e abria a boca. Quando foi ontem (quinta-feira) a gente já levou ele para o hospital e o doutor preferiu que ele ficasse para tomar medicação. Na sexta-feira, umas 4h, a gente recebeu a ligação para correr atrás de tudo. Quando foi por volta de 8h, as pessoas que estavam auxiliando foram dar uma banho nela e ela ai ‘foi’ depois desse banho”, disse Ediana.
Apesar dos problemas de saúde, eles sempre se preocupavam com o outro. “Ele tinha 105 anos, mas ainda falava. Estava lúcido. Ela já não estava lúcida, mas acalmava quando a gente falava Mamédio. Quando era meio dia, ela perguntava se a gente tinha dado comida ao Mamédio. Ela não se lembrava do nome de mais ninguém, a não ser o dele, afirmou.
O casal não teve filhos e, contavam sempre um com o outro. Ediana contou que eles ajudaram na criação de muitas crianças da cidade e da zona rural. “Eles criaram muitos, porque naquela época não tinha muito onde estudar e ela gostava muito de leitura. Então, os pais deixavam os filhos com eles. E eu fui uma delas”, disse, relembrando a infância ao lado de Mamédio e Ana, que carinhosamente ela chamava de avós.
O velório do centenário casal ocorreu na sexta-feira (30), na fazenda onde moravam, na zona rural de Paranã, no Tocantins. Esse era o desejo de seu Mamédio, atendido pela família – o sepultamento aconteceu na mesma propriedade, durante a manhã deste sábado (1º).
Fonte: G1 – Imagem: Arquivo Pessoal